A inflação nos Estados Unidos em abril deste ano ficou praticamente estável em relação ao mês anterior e veio dentro da estimativa dos analistas do mercado, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (13/5) pelo Departamento do Trabalho.
O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,3% em abril, na base anual, uma leve queda em relação aos 2,4% registrados em março.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,2%, após uma queda de 0,1% em março (o primeiro recuo da inflação norte-americana desde maio de 2020).
Os resultados da inflação nos EUA vieram dentro do esperado pelo mercado. A média das estimativas era de 2,4% (anual) e 0,3% (mensal).
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação. Em sua última reunião, nos dias 6 e 7 de maio, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
Análise
Segundo André Valério, economista-sênior do Banco Inter, ainda não houve grande efeito do “tarifaço” comercial anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no último dia 2 de abril, sobre os preços. Os dados, possivelmente, captaram apenas as rodadas iniciais das tarifas, impostas antes do chamado “Dia da Libertação”.
“O resultado de hoje é o primeiro pós-tarifas, mas ainda sem sofrer grandes impactos, devido à defasagem do repasse e da rigidez de preços. Ainda assim, mostra que o cenário da inflação, pré-tarifas, era de acomodação, com a inflação nos últimos 3 meses recuando fortemente”, afirma Valério.
“Por mais que o anúncio de um entendimento entre China e EUA acerca das tarifas tenha reduzido substancialmente a incerteza e um risco de uma inflação maior, ainda há a incerteza do repasse, no curto prazo, dos efeitos da incerteza observada ao longo de abril, que podem ainda se manifestar nos próximos resultados”, pondera o economista.
“Além disso, as tarifas dos produtos chineses ainda estão em patamar considerável e deverão impactar em alguma medida os preços dos bens. Portanto, vemos o cenário para a reunião de junho do Fed como sendo ainda de pausa”, explica.
Para André Valério, “o Fed só deve retomar o ciclo de cortes quando tiver maior confiança de que o impacto inflacionário das tarifas não será relevante ou quando o mercado de trabalho desacelerar de maneira significativa”. “Dada a incerteza, esperamos que essa confiança só se materialize no segundo semestre”, afirma.