Homem percebe alteração nas unhas e descobre ter câncer de pulmão

Após perceber um sinal aparentemente inofensivo em suas unhas, o personal trainer Brian Gemmell, da Escócia, decidiu procurar um médico. Esta preocupação foi o que permitiu a descoberta precoce de um câncer de pulmão.

Brian procurou atendimento médico após notar que as pontas dos seus dedos estavam inchadas e que sua unha estava “gordinha”. Sem apresentar falta de ar, tosse ou dor no peito, o único indício de que algo estava errado era o que especialistas chamam de baqueteamento digital.

O sintoma, embora indolor e por vezes inofensivo, pode indicar problemas graves, como infecções crônicas, fibrose cística ou até câncer de pulmão. O inchaço na ponta dos dedos é comum em pacientes com câncer de pulmão, especialmente no tipo de células não pequenas.

Gemmell relatou à Fundação Roy Castle para o Câncer de Pulmão que, ao perceber o sintoma, decidiu buscar ajuda médica. “Pesquisei no Google o que poderia ter levado àquela mudança nas minhas unhas e percebi que podia ser um problema respiratório, por isso marquei a consulta”, afirmou.


Sintomas do câncer de pulmão

Os sintomas do câncer de pulmão variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes, os sintomas são facilmente confundidos com doenças respiratórias comuns, como bronquite ou pneumonia, atrasando um diagnóstico preciso. Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão incluem:

  • Tosse que não desaparece e piora com o tempo.
  • Dor no peito constante e muitas vezes agravada pela respiração profunda, tosse ou riso.
  • Dor no braço ou ombro, especialmente quando um lado é mais afetado que o outro.
  • Tosse com sangue ou catarro cor de ferrugem.
  • Falta de ar frequente.
  • Chiado e rouquidão.
  • Infecções como pneumonia ou bronquite que não desaparecem ou voltam com frequência.
  • Inchaço do pescoço e rosto.
  • Perda de apetite e/ou perda de peso.
  • Sentir-se fraco ou cansado.
  • Alargamento das pontas dos dedos e da base das unhas também conhecido como baqueteamento digital.

Se você apresentar algum destes sintomas potenciais de câncer de pulmão, é fundamental que consulte seu médico. Quanto mais cedo o câncer de pulmão for diagnosticado, melhores opções você terá.


De um raio-X a uma cirurgia no pulmão

A consulta levou a uma radiografia de tórax ainda no mesmo dia. O técnico de imagem acionou um radiologista, que solicitou uma tomografia computadorizada. O exame mais completo revelou um tumor avançado no pulmão direito. Embora os médicos tivessem diferentes opiniões sobre a abordagem, um cirurgião decidiu pela retirada completa do pulmão atingido.

A cirurgia foi bem-sucedida, e o relatório pós-operatório mostrou que os gânglios linfáticos não apresentavam sinais de metástase. “O cirurgião fez exatamente o que disse que faria. Me internou, operou e, felizmente, meus gânglios estavam limpos. Foi tudo muito rápido, mas acredito que foi essa agilidade que salvou minha vida”, relatou Gemmell.

Como identificar o baqueteamento digital?

O baqueteamento digital se desenvolve em estágios. Primeiro, a base da unha amolece. Depois, a pele ao redor da base se torna brilhante e as unhas começam a se curvar excessivamente. Por fim, os dedos adquirem uma aparência mais inchada.

Essa deformação que afeta os dedos e as unhas é geralmente associada a doenças que causam falta de oxigênio crônica no sangue.

Teste unhas para perceber risco de câncer
Em pessoas saudáveis, a aproximação das unhas gera a janela de Schamroth. Caso ela não apareça, isso pode indicar uma série de doenças

Para saber se há motivo de preocupação, é possível fazer o chamado teste da janela de Schamroth. Pressione as unhas dos dedos indicadores uma contra a outra. Se não for possível ver uma abertura em forma de losango entre elas, pode haver um sinal de alerta.

“Em pessoas saudáveis, nota-se uma pequena janela em figura de losango ou diamante, logo acima das unhas, pela qual passa a luz. Essa figura simplesmente não existe quando há o baqueteamento”, explicou Allan Pereira, oncologista Clínico do Hospital Sírio-Libanês e chefe da Oncologia Clínica do Hospital de Base, em entrevista anterior ao Metrópoles.

O sintoma está presente em cerca de 35% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas, segundo dados divulgados pelo Medscape. Em tumores de células pequenas, a prevalência cai para 4%. Assim, qualquer alteração deve ser avaliada por um médico.

Diagnóstico precoce

Brian afirma que estava saudável e não apresentava nenhum outro sinal da doença. “Não tinha tosse, não estava tossindo sangue, não estava sem fôlego. Meu único sintoma era o baqueteamento digital”, disse. O diagnóstico precoce fez toda a diferença.

Ele conta que a tomografia mostrou que o câncer estava restrito ao pulmão. Isso permitiu uma abordagem cirúrgica direta. “Você pensa: ‘Será que consigo sobreviver com um pulmão só?’ Mas o cirurgião foi positivo, e isso me deu força”, relatou.

Agora, Gemmell atua como defensor da conscientização sobre câncer de pulmão. “As pessoas acham que é uma sentença de morte. Mas não precisa ser. Eu sou a prova de que não precisa ser. Vá ao médico. Se há qualquer preocupação, é para isso que serve o clínico geral. Vá o mais rápido possível”, defende ele.

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No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo

O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco
A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior
A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer
Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes
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O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãos

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No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo

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O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco

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A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior

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A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer

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Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes

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Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolir

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O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonar

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Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo

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Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo

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A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença

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Situação do câncer de pulmão no Brasil

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que menos de 20% dos casos de câncer de pulmão são detectados precocemente. Quando isso acontece, a taxa de sobrevida em cinco anos pode ultrapassar 60%. Em casos mais avançados, essa taxa despenca para menos de 20%.

“A detecção precoce do câncer de pulmão é determinante para a eficácia do tratamento e para a sobrevida do paciente. Identificar lesões ainda pequenas pode dobrar, ou até triplicar, as chances de cura”, afirma Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas.

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