Dólar abre em queda com corte de juros na China e falas do Fed

O dólar operava em baixa nesta terça-feira (20/5), em um dia no qual as atenções dos investidores estão mais voltadas ao cenário internacional, com a queda dos juros na China e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos).


Dólar

  • Às 9h09, a moeda norte-americana recuava 0,17% e era negociada a R$ 5,646.
  • Na véspera, o dólar fechou em baixa de 0,25%, cotado a R$ 5,654.
  • Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,39% frente ao real em maio e de 8,5% em 2025.

Ibovespa

  • As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
  • No dia anterior, o índice fechou em alta de 0,32%, aos 139,6 mil pontos, novo recorde histórico de fechamento.
  • Durante o pregão, o indicador superou os 140,2 mil pontos, a nova máxima intradiária.
  • Com o resultado, o Ibovespa acumula ganhos de 3,38% no mês e de 16,09% no ano.

China corta juros

O Banco do Povo da China (PBOC), o equivalente ao Banco Central do país, anunciou nesta terça-feira (20/5) a redução da taxa básica de juros à mínima histórica, em mais uma tentativa de impulsionar a economia do gigante asiático, a segunda maior do mundo, que vive uma estagnação desde a pandemia de Covid-19.

A autoridade monetária chinesa diminuiu a taxa primária de empréstimos de 1 ano (que serve como referência para os bancos) de 3,1% para 3%.

O Banco Central da China também reduziu a taxa preferencial de empréstimos de 5 anos (referência para as hipotecas) de 3,6% para 3,5%.

As duas taxas de juros já haviam sido reduzidas em outubro do ano passado para as mínimas históricas até então.

A taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.

Quando os juros sobem, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.

Ao reduzir os juros, por outro lado, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da China avançou 5,4%, na comparação com o mesmo período de 2024.

Por outro lado, o crescimento das vendas do varejo, um indicador considerado primordial para medir o consumo interno, registrou forte desaceleração em abril, para 5,1%, ante 5,9% em março, sempre na comparação anual.

A meta de crescimento do governo chinês para 2025 é de 5%.

Discursos do Fed

Ainda no cenário internacional, o mercado acompanha nesta terça-feira a participação de dirigentes do Banco Central dos EUA em alguns eventos.

Devem proferir discursos os seguintes dirigentes:

  • Tom Barkin, presidente do Fed de Richmond.
  • Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta.
  • Susan Collins, presidente do Fed de Boston.
  • Alberto Musalem, presidente do Fed de Saint Louis.
  • Mary Daly, presidente do Fed de San Francisco.
  • Beth Hammack, presidente do Fed de Cleveland.

As falas são aguardadas com expectativa pelos investidores, atentos a eventuais indicações sobre a trajetória da taxa de juros nos EUA.

Além disso, serão as primeiras declarações de autoridades do Fed após o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s, uma das três principais agências de classificação de risco do mundo.

A avaliação da economia norte-americana, a mais poderosa do planeta, caiu um nível, passando de “AAA” para “AA1”. Ela também teve a perspectiva alterada de “negativa” para “estável”. A mudança ocorreu na sexta-feira.

O rebaixamento, de acordo com a Moody’s, foi resultado do aumento de mais de uma década da dívida do governo norte-americano (que se aproxima da marca de US$ 37 trilhões) e dos juros para níveis “significativamente mais altos do que os de soberanos (outros países) com classificação semelhante”.

“As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros”, afirmou a agência, por meio de comunicado.

A Moody’s foi a última entre as principais agências de risco do mundo a manter a classificação máxima AAA para a dívida soberana dos EUA embora tenha rebaixado a perspectiva para negativa no fim de 2023. A Standard & Poor’s cortou a nota dos EUA em 2011 e a Fitch, em 2023.

Galípolo e Haddad

No cenário doméstico, os investidores continuam repercutindo as declarações dadas na véspera pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Ao participar de um evento do Goldman Sachs, em São Paulo, Galípolo reiterou o compromisso da autoridade monetária em usar todos os instrumentos para tentar levar a inflação para a meta, sem “contemporização”, apesar de eventuais críticas à elevada taxa básica de juros da economia brasileira.

Em sua última reunião, no dia 7 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 14,25% para 14,75% ao ano. É o maior nível dos juros no Brasil em quase 20 anos, desde 2006, e a sexta alta consecutiva.

“Estamos atentos ao cenário inflacionário. Do que a gente já fez, quase gabaritamos as condições para iniciar uma alta de juros. Isso está justificado por todo esse cenário. É normal você ver críticas em um momento como este. Se você pegar o núcleo de alimentos, a inflação foi de 17% entre janeiro de 2024 e abril de 2025. Está ali bem justificado o porquê da elevação do tamanho que foi feita”, afirmou Galípolo no evento do Goldman Sachs.

“O mercado de trabalho ainda é resiliente e a inflação de serviços ainda é resiliente. É importante olhar menos para a volatilidade de um dado específico de um mês e reunir informações para ver a tendência que está sendo apontada”, explicou o presidente do BC.

“A nossa posição hoje é entender que a taxa de juros migrou para um patamar contracionista. Acho normal que comece essa discussão sobre o prazo de manutenção dos juros em um patamar restritivo”, prosseguiu Galípolo.

“Com as expectativas desancoradas e o cenário a que temos assistido, faz sentido permanecermos com essas taxas de juros em um patamar restritivo por um tempo mais prolongado do que usualmente se costuma praticar.”

As declarações do chefe da autoridade monetária foram bem recebidas pelo mercado e contribuíram com o bom desempenho do Ibovespa, que bateu novo recorde, superando os 140 mil pontos.

Haddad, por sua vez, disse que conversará nesta semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir novas medidas fiscais, que devem ser anunciadas na quinta-feira (22/5).

“Vamos ter várias reuniões essa semana para fechar e, na quinta-feira, a gente divulga o quadro fiscal e o que for necessário, como no ano passado”, afirmou Haddad, sem detalhar o que pode ser anunciado pelo governo.

O chefe da equipe econômica não confirmou que a Fazenda esteja planejando o anúncio de um contingenciamento de R$ 18 bilhões, como vem sendo especulado nos bastidores. “Eu não posso antecipar”, limitou-se a dizer Haddad.

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