Inelegível, Carla Zambelli trama herança política familiar

Brasília – Inelegível e rejeitada nas urnas, Carla Zambelli (PL-SP) ainda não desistiu do poder — apenas trocou de tática. Com a ficha suja nas mãos e a condenação nas costas, a bolsonarista agora tenta institucionalizar o nepotismo: quer transformar o Congresso Nacional em empresa familiar. Segundo revelou ao Metrópoles, Zambelli articula candidaturas da mãe, do irmão e já planeja o futuro político do filho adolescente.

Com sua inelegibilidade sacramentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a invasão criminosa ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a deputada busca manter seu sobrenome vivo nas urnas a qualquer custo — ou, melhor dizendo, a qualquer grau de parentesco.


Zambelli mira Congresso como negócio de família

No melhor estilo “quem não pode disputar, empurra o parente”, Zambelli afirmou que a mãe, Rita Zambelli, é a mais cotada para substituí-la nas eleições de 2026. O critério? Não é currículo, nem compromisso público — é engajamento digital. “Ela é ativa nas redes”, justificou a parlamentar, como se curtidas valessem mais que votos conscientes.

Mas a tentativa de perpetuar sua influência não para por aí. Bruno Zambelli, irmão da deputada e atual deputado estadual pelo PL paulista, também está sendo preparado para a reeleição. O clã Zambelli quer manter uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo enquanto tenta emplacar outra na Câmara dos Deputados.


Filho de 17 anos já é aposta para 2028

Se depender de Carla, até o herdeiro precoce já tem destino traçado. João Hélio Salgado Neto, seu filho de 17 anos, ainda não pode disputar eleições para deputado — a idade mínima é de 21 anos. Mas a deputada já planeja lançá-lo como candidato a vereador em São Paulo em 2028.

João Hélio ainda não tem histórico político, mas isso não parece ser um problema para uma família cuja principal credencial parece ser o sangue bolsonarista. A aposta é clara: sem voto próprio, Zambelli tenta terceirizar sua influência em um círculo que carrega seu nome.


A estratégia de sobrevivência dos inelegíveis

A operação de Carla Zambelli não é exatamente inédita — famílias políticas no Brasil são uma praga antiga, de Sarneys a Bolsonaros. Mas no caso da deputada, o nepotismo vem travestido de “estratégia de resistência”. Afinal, quem perde a voz no Parlamento tenta ventríloquos de confiança.

A prática, embora legal quando respeita os requisitos formais, escancara a falência do projeto político de renovação. Em vez de disputar ideias, herdam-se cargos. Em vez de lideranças autênticas, cultivam-se dinastias familiares nutridas a fake news e cultos de personalidade.


Rejeição pública e popularidade em declínio

A tentativa de empurrar parentes para o jogo político acontece em meio a uma crise de imagem que Zambelli não consegue reverter. Desde que foi condenada por fraude e quebra de sigilo institucional, virou símbolo da ala bolsonarista mais descontrolada — aquela que tenta melar o jogo quando perde.

A parlamentar também perdeu apoio popular. Sua última aparição de destaque foi no escândalo da “CPI das bets”, onde passou mais vergonha que influência. Agora, fora do páreo, tenta manter sua relevância via laços de sangue, já que não pode mais usar o voto como ferramenta direta.


O Carioca esclarece

Quem é Carla Zambelli e por que está inelegível?
Deputada federal bolsonarista, foi condenada pelo STF por invadir sistemas do CNJ com acesso ilegal a dados sigilosos.

Quem pode disputar sua vaga em 2026?
Ela aposta na mãe, Rita Zambelli, e no irmão, Bruno Zambelli. O filho, João Hélio, poderá tentar cargo em 2028.

Quais as consequências dessa estratégia familiar?
Ajuda a perpetuar dinastias políticas, enfraquecendo a renovação democrática e alimentando o clientelismo.

Como isso afeta a democracia brasileira?
Transformar cargos eletivos em herança de família banaliza o sistema representativo e favorece elites políticas autorreferentes.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.