A Justiça paulista determinou que a Prefeitura de São Paulo preserve as imagens captadas pelas câmeras de vigilância do entorno da Cracolândia, no centro da capital paulista, entre os dias 1° e 14 de maio deste ano, período que antecedeu o esvaziamento da região.
A decisão foi publicada nesta sexta-feira (13/6), atendendo pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Defensoria Pública. Segundo a promotoria, o objetivo é apurar “possíveis violações a direitos no processo de esvaziamento da Cracolândia”.
“Importante registrar aqui que eram diversas as pessoas que frequentavam e viviam na região, inclusive crianças e adolescentes, sendo imprescindível a compreensão de quais foram os encaminhamentos e atendimentos realizados”, dizem os autos, que destaca o trecho entre a Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões.
O Metrópoles entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
Leia também
-
São Paulo
Em Pinheiros, homem em surto é rendido. Na Cracolândia, morre com 25 tiros
-
São Paulo
Cracolândia: PM fez investigação paralela sobre mesmo alvo da Civil
-
São Paulo
PSol pede imagens da Cracolândia para entender esvaziamento do fluxo
-
São Paulo
Prefeitura estuda criar praça e gradear área onde ficava a Cracolândia
Agressões da GCM
Câmeras de segurança flagraram agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) agredindo usuários de drogas nas vésperas da Cracolândia amanhecer vazia, no dia 13 de maio. O flagrante das agressões aconteceram entre o dia 10 e o dia 12 do mês passado.
Veja:
Nos registros, é possível ver agentes da Inspetoria de Operações Especiais da Guarda Civil Metropolitana (IOPE/GCM) chutando e jogando usuários contra a parede. Eles também espirram spray de pimenta no rosto dos agredidos.
À época, a Prefeitura de São Paulo afirmou que a GCM “presta um serviço essencial para a proteção de toda a população e o combate à criminalidade em parceria com as polícias civis e militares”.
Segundo a administração municipal, a atual gestão tem feito, desde 2021, um trabalho intenso e contínuo para oferecer tratamento em saúde e atendimento social às pessoas em situação de vulnerabilidade na Cena Aberta de Uso (CAU). “Eventuais condutas elétricas serão apuradas”, disse a prefeitura
Diáspora da Cracolândia
- A Rua dos Protestantes, onde costuma ficar o chamado fluxo de usuários da Cracolândia, amanheceu vazia na última terça-feira (13/5).
- A apuração do Metrópoles identificou que o fluxo, que costumava lotar diferentes vias da Santa Ifigênia, se espalhou pela cidade — como já aconteceu em outros momentos nos mais de 30 anos de existência da Cracolândia.
- Comerciantes do entorno da Favela do Gato, no Bom Retiro, afirmaram à reportagem que a região amanheceu repleta de pessoas em situação de rua, em um volume incomum para a rotina do território.
- Na noite de terça, o local abrigava pequenos grupos de usuários, que se concentravam especialmente em praças próximas à Avenida do Estado.
- Na Praça Marechal Deodoro, também na região central, uma concentração de cerca de 60 usuários ocupava o espaço na noite de terça. Pelo menos cinco deles falaram com a reportagem e relataram que o território tem ficado mais cheio nos últimos dias.
- Segundo estimativas dos próprios dependentes químicos, o fluxo ali chega a ter 500 pessoas durante a madrugada, um número próximo ao que se via na Rua dos Protestantes nas últimas semanas.
- Na noite de quarta (14/5), o Metrópoles encontrou concentração de usuários, em grupos menores ou com até dezenas de pessoas, além de circulação intensa pelos bairros mais próximos ao antigo “epicentro” do crack.
- Na Rua Helvétia, que já recebeu no passado recente o fluxo da Cracolândia, dezenas de usuários se aglomeravam ao longo de um muro, na parte escura da calçada, às 20h41.
- A reportagem foi até o local e conversou com pessoas que vivem nas proximidades e que notaram, principalmente durante noite e madrugada, uma concentração maior após a dispersão do fluxo da Rua dos Protestantes.
- Na noite de quinta (15/5), o Metrópoles esteve novamente na Rua Helvétia e confirmou que o fluxo no local continuou a crescer.
- Além da Helvétia, havia pequenos grupos consumindo crack em outros locais da região central. Um deles, um pouco maior, estava na Avenida Duque de Caxias.
- No centro de São Paulo, é possível perceber também um vaivém frenético de dependentes químicos, sem se fixarem em um único ponto.