Censo 2022 – Na Bahia, a população quilombola é mais jovem e masculina, e a indígena é mais envelhecida e feminina do que a população geral

O Censo Demográfico 2022 mostrou que a Bahia é o estado com maior número de quilombolas no Brasil, 397.502 pessoas, que representam 3 em cada 10 quilombolas do país: 29,9% de um total de 1.330.186. As pessoas quilombolas são 2,8% da população baiana, e apenas 5,2% delas (20.771) vivem nos 48 Territórios Quilombolas oficialmente delimitados no estado.

A população quilombola é um pouco mais jovem e masculina do que o total de habitantes da Bahia, características que se acentuam dentro dos Territórios. 

As mulheres são maioria na população quilombola baiana: 50,5%, o que representa 200.863 pessoas. Têm, porém, uma participação menor do que a verificada no total de habitantes do estado, onde 51,7% são mulheres. 

Entre as pessoas quilombolas que vivem fora dos Territórios delimitados, na Bahia, 50,6% são mulheres (190.570). Já dentro dos territórios quilombolas, elas se tornam minoria, 49,6% (10.293), numa proporção próxima, mas inferior à dos homens, que são 50,4% dos quilombolas que vivem nesses locais (10.478). 

Entre os 45 Territórios baianos delimitados para os quais se tem a população quilombola por sexo, 28 (62,2%) são majoritariamente masculinos, enquanto 17 (37,8%) têm maioria de mulheres. Lagoa Santa (60,0%), Fazenda Porteiras (58,0%) e Mota (55,2%) são os Territórios mais femininos; Vicentes (60,0%) Mata do Sapê (59,3%), e Salamina Putumuju (56,3%) são os mais masculinos. 

Dentre os cinco Territórios Quilombolas baianos mais populosos, só Tijuaçu tem maioria feminina (50,3%). 

Na Bahia, 3 em cada 10 quilombolas (27,1%) estão em idade escolar (0 a 17 anos), e índice de envelhecimento é 20,0% menor do que na população geral

O Censo 2022 mostra que, na Bahia, as pessoas nas faixas de idade de 0 a 34 anos eram mais representativas na população quilombola, ou seja, tinham participações maiores nela do que na população em geral, revelando uma estrutura etária um pouco mais jovem entre os quilombolas do que no total de moradores do estado.

Por isso, considerando-se os grandes grupos de idade, perto de metade da população quilombola é formada por crianças, adolescentes e jovens de até 29 anos (46,3% ou 183.865 pessoas), enquanto, na população baiana em geral, essa proporção está mais próxima de 4 em cada 10 (42,7%). 

Já as pessoas adultas, de 30 a 59 anos, representam mais na população em geral do estado (42,0%) do que entre os quilombolas (40,3% ou 160.247), o que também ocorre com as pessoas idosas, de 60 anos ou mais, que têm maior participação na população baiana em geral (15,3%) do que entre os quilombolas (13,4% ou 53.390).

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Por ser mais jovem, a população quilombola também apresenta maiores proporções de crianças e adolescentes nas idades correspondentes às diferentes fases da vida escolar, participações que ganham ainda mais importância nos Territórios. 

Em 2022, havia, na Bahia, 21.584 crianças quilombolas de 0 a 3 anos de idade (idade correspondente à creche); 11.548 de 4 ou 5 anos (pré-escola); 29.543 de 6 a 10 anos (Fundamental I); 25.091 de 11 a 14 anos (Fundamental II); e 20.100 adolescentes de 15 a 17 anos (Ensino Médio).

Somadas, todas as pessoas em idade escolar (0 a 17 anos) representam 2 em cada 10 habitantes na Bahia (24,8% da população total), mas 3 em cada 10 quilombolas (27,1%) e quilombolas que residem em Territórios delimitados (30,1%).

Por outro lado, o índice de envelhecimento da população quilombola, medido pelo número de pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 pessoas de até 14 anos de idade, é 19,2% menor do que o da população baiana em geral. Em 2022, havia 60,8 idosos para cada 100 crianças/adolescentes quilombolas, enquanto no total da população do estado, a relação era de 75,4 por 100. 

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Além disso, a idade mediana da população quilombola na Bahia é 32 anos, 3 anos a menos do que a da população em geral (35 anos). 

Nos Territórios Quilombolas delimitados no estado, o índice de envelhecimento é ainda menor, de 53,1 pessoas de 60 anos ou mais para cada 100 de até 14 anos, e a idade mediana cai para 30 anos. 

Dentre os 45 Territórios Quilombolas baianos onde foi possível calcular o índice de envelhecimento da população quilombola, 28 (62,2%) eram mais jovens do que a população quilombola em geral, ou seja tinham índices menores do que 60,8/100. 

Dos cinco Territórios Quilombolas baianos mais populosos, só Ilha de Maré, em Salvador, tinha um índice de envelhecimento da população quilombola maior do que o da população quilombola baiana em geral (62,1/100). 

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Mulheres são majoritárias no total de indígenas na Bahia (53,0%), mas minoria (49,3%) entre os que vivem nas Terras Indígenas

Segundo o Censo, em 2022, a Bahia era o segundo estado com o maior número absoluto de indígenas no Brasil, 229.443 pessoas, considerando tanto aquelas que se identificaram no quesito cor ou raça quanto as que informaram se considerar indígenas, na pergunta específica sobre esse tema. 

Na Bahia vive 1 em cada 10 indígenas do Brasil, 13,5% das 1.694.836 pessoas que assim se identificaram em todo o país. As pessoas indígenas são 1,6% da população baiana, e 7,5% delas (17.211) vivem nas 21 Terras Indígenas existentes no estado. 

A concentração da população indígena fora do contexto das Terras Indígenas ajuda a explicar o perfil dessa população na Bahia, mais envelhecido e feminino, bem diferente do encontrado no Brasil como um todo.

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Assim como ocorre na população em geral e quilombola, as mulheres são maioria entre quem se declara indígena, na Bahia. Elas representam 53,0% do total de indígenas, ou 121.700 pessoas. A participação feminina na população indígena baiana é superior à proporção de mulheres na população total do estado (51,7%).

Entre as pessoas indígenas que vivem fora das Terras Indígenas, a participação feminina (53,3%) é ainda ligeiramente superior à verificada na população indígena em geral, porém, nas Terras, as mulheres deixam de ser maioria e representam 49,3% da população, ou 8.493 dos 17.211 indígenas nessas áreas.

Frente a 2010, na Bahia, as mulheres ganharam participação entre os indígenas em todas as situações, total, dentro e fora das Terras Indígenas, consequência do maior crescimento populacional entre elas, no período. Isso ocorreu sobretudo nas Terras Indígenas, onde o número de homens diminuiu um pouco, entre 2010 e 2022: -0,8%, de 8.788 para 8.718 (menos 70 mil).

Os homens eram maioria em 14 das 21 Terras Indígenas Indígenas na Bahia em 2022 (2/3 ou 66,7%), enquanto as mulheres eram majoritárias em 7 (1/3 ou 33,3%). 

Vargem Alegre (62,2%), Fazenda Sempre Verde (60,0%) e Fazenda Jenipapeiro (60,0%) são as Terras Indígenas mais masculinas; Barra (54,4%), Quixaba (52,5%) e Coroa Vermelha (52,4%), as mais femininas. Esta última é a única, entre as cinco mais populosas do estado, com mais mulheres do que homens. 

Na Bahia, 4 em cada 10 indígenas nas Terras Indígenas têm idade escolar; fora delas, já há mais indígenas idosos do que de até 14 anos (106,8/100)

Há diferenças marcantes entre os perfis etários da população indígena baiana em geral e das 17.211 pessoas indígenas que vivem nas Terras Indígenas. 

Considerando-se o total (dentro e fora das Terras), as pessoas nas faixas de idade de 0 a 44 anos eram menos representativas entre os indígenas, ou seja, tinham participações menores nesse grupo do que na população em geral da Bahia, revelando uma estrutura etária mais envelhecida do que para o total de moradores do estado. 

Por isso, considerando-se os grandes grupos de idade, as crianças, adolescentes e jovens de até 29 anos representavam 4 em cada 10 indígenas (40,2% ou 92.218 pessoas), frente a 42,7% da população baiana em geral. 

As pessoas adultas, de 30 a 59 anos de idade, também representavam um pouco mais na população em geral (42,7%) do que entre os indígenas (41,7% ou 95.671). Por outro lado, as pessoas idosas, de 60 anos ou mais de idade, representavam mais na população indígena (18,1% do total, ou quase 1 em cada 5 pessoas, somando 41.554) do que no total de habitantes da Bahia (15,3%).

Entretanto, nas Terras Indígenas, essa distribuição se invertia. As pessoas até 29 anos de idade representavam 6 em cada 10 do total de população indígena nessas áreas (60,4% ou 10.401), os adultos eram 3 em cada 10 (32,0%, ou 5.502 pessoas), e as pessoas idosas eram só 7,6% (1.308) dos indígenas vivendo em Terras Indígenas.

Por abrigar uma população mais jovem, nas Terras Indígenas as proporções de crianças e adolescentes nas idades das diferentes fases da vida escolar eram maiores do que na população indígena como um todo.

Em 2022, havia 10.540 crianças indígenas de 0 a 3 anos de idade (creche); 5.544 de 4 ou 5 anos (pré-escola); 14.772 de 6 a 10 anos (Fundamental I); 12.454 de 11 a 14 anos (Fundamental II); e 9.849 adolescentes de 15 a 17 anos (Ensino Médio).

Somadas, todas as pessoas em idade escolar (0 a 17 anos) representam 1 em cada  5 indígenas em geral, no estado (23,2% da população indígena total), mas 4 em cada 10 indígenas nas Terras oficialmente Indígenas (39,4%).

índice de envelhecimento da população indígena baiana (número de pessoas de 60 anos ou mais de idade para cada 100 pessoas de até 14 anos de idade) é bem maior do que o da população em geral, no estado: 96,0/ 100 frente a 75,4/ 100. 

idade mediana dos indígenas na Bahia é 37 anos, 2 anos a mais do que a da população em geral, que é 35 anos.

Considerando-se as 21 Terras Indígenas delimitadas no estado, o índice de envelhecimento cai significativamente, para apenas 23,3 pessoas de 60 anos ou mais de idade para cada 100 de até 14 anos, e a idade mediana recua para 23 anos. 

Por outro lado, só considerando os indígenas baianos que vivem fora das Terras Indígenas, já havia, em 2022, mais idosos do que pessoas de até 14 anos de idade, nesse grupo, 106,8 para cada 100, e a idade mediana subia para 38 anos.

Dentre as 21 Terras Indígenas baianas onde foi possível calcular o índice de envelhecimento das pessoas indígenas, 8 (38,1%) são mais envelhecidas do que a população indígena dessas localidades, ou seja têm índices maiores do que 23,3/100. 

Das cinco Terras Indígenas mais populosas, duas têm índices de envelhecimento da população indígena maiores do que o do total da população indígena nessas áreas (23,3/100): Coroa Vermelha (25,4/100) e Caramuru/Paraguassu(24,3/100).

Frente a 2010, o índice de envelhecimento e a idade mediana da população indígena na Bahia aumentaram em todas as situações. Entretanto, nas Terras Indígenas, o índice de envelhecimento cresceu 52,5% (de 15,3 para 23,3/100) e a idade mediana aumentou 4 anos; fora das Terras, o índice de envelhecimento quase dobrou, passando de 54,0 para 106,8 /100, e a idade mediana subiu em 8 anos.

Outras informações estão disponíveis na Agência IBGE Notícias.

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