SSP alega que homem negro executado pelas costas “surpreendeu” PMs

São Paulo – O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) alega que os policiais militares (PMs) que executaram um homem negro, que estava de costas e segurava um celular no Jardim Paulistano, na zona norte da capital paulista, teriam sido “surpreendidos por suspeito armado”.

A ocorrência aconteceu na Viela Rua dos Coqueiros, área pobre de São Paulo, na manhã de quarta-feira (8/5), e foi filmada pela câmera corporal de um dos PMs. A imagem obtida pelo Metrópoles (veja abaixo), no entanto, contradiz a versão oficial da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Pela gravação, é possível ver que o PM estava de campana e começa a atirar, sem qualquer aviso prévio, contra o homem, logo após ele aparecer na esquina. No momento, o alvo estava de costas e não havia arma à mostra.

Os policiais realizam ao menos 10 disparos – dois deles quando o homem já estava caído. O celular que a vítima segurava sai rolando pela terra. Já o revólver, citado na versão oficial dos PMs, estava dentro de uma bolsa, que o homem carregava no pescoço, e cai no momento em que ele fica estirado no chão.

“Ele morreu. Vamos, vamos!”, diz um policial, na gravação. Outro agente fala em seguida: “Parou, parou”.

“Resistência”

O Metrópoles não conseguiu confirmar a identidade do homem executado até o momento. Em nota, a SSP diz apenas que ele teria sido identificado como “integrante de uma facção criminosa” e estaria “foragido desde janeiro de 2024”.

Apesar das imagens, a versão oficial diz que os PMs “apuravam uma denúncia de tráfico de drogas” e “foram surpreendidos por suspeito armado com um revólver calibre .38″. “Houve a intervenção e o homem foi atingido”, descreve a secretaria, chefiada por Guilherme Derrite.

A pasta informa, ainda, que a vítima foi retirada do local. “Ele foi socorrido ao Hospital Geral de Taipas, mas não resistiu”, diz.

“As armas envolvidas na ocorrência foram apreendidas e encaminhadas à perícia, bem como a bolsa do suspeito, que continha dinheiro em espécie e anotações do tráfico de drogas”, alega.

A ocorrência foi registrada como “resistência”, “morte decorrente de intervenção policial” e “posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito”. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e pela própria PM.

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