“Venderam o PL pro diabo”, diz deputado próximo a Bolsonaro em áudio

Em áudio gravado durante uma reunião fechada, o deputado federal Zé Trovão afirmou que o PL, partido ao qual ele e Bolsonaro são filiados, foi “vendido para o diabo”. No mesmo encontro, o parlamentar disse que a legenda está corrompida e fez uma projeção pessimista para as eleições municipais deste ano. Obtida pela coluna, a gravação vazada retrata um encontro do parlamentar com servidores de seu gabinete na Câmara. Alguns participaram presencialmente; outros, por videoconferência.

“O meu sonho é que o Bolsonaro abandonasse essa p*rra desse PL e viesse para o Novo. Eu acho que é o único partido que não se corrompeu. O resto está tudo rachado. Não é culpa do Valdemar [Costa Neto, presidente da sigla]. O Valdemar é político. Ele não pode, de maneira nenhuma, perder o partido do tamanho que está hoje. Se ele tiver que fazer acordo com o capeta, ele vai fazer. Só que eu não compactuo com esse tipo de política”, disse Zé Trovão, numa referência ao fundo eleitoral e à quantidade de parlamentares eleitos pelo Partido Liberal.

O Novo tem entre seus quadros mais conhecidos o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o deputado Marcel Van Hattem, que, assim como Zé Trovão, compareceram à manifestação de Bolsonaro na Avenida Paulista. Desde a saída de João Amoêdo, a sigla deu uma guinada à direita.

Durante a reunião, Zé Trovão prosseguiu. No áudio, disse acreditar que o PL não será bem-sucedido ao disputar prefeituras e assentos em câmaras municipais nas eleições que ocorrerão em outubro deste ano. E reclamou, ainda, do rumo que o partido tomou em Santa Catarina, seu reduto eleitoral.

“Nós temos um PL completamente rachado no estado. Nós não teremos base eleitoral no PL. Nós não teremos vereadores no PL, não teremos prefeitos no PL, não teremos nada disso, porque venderam o PL para o diabo e tá vendido. Acabou”, sentenciou.


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“Até aqui na nossa cidade, Joinville, que era para ter o nosso candidato, que é o Lima, não vai acontecer. Não vão apoiar o Lima para ser prefeito, porque eles não vão criar uma inconstância com o [atual prefeito] Adriano [Silva], porque eles acham que a reeleição do Adriano está garantida.”

A reclamação, feita durante reunião ocorrida em 31 de julho de 2023, é similar à que chegou a ser externada publicamente por Ricardo Salles (PL-SP). Ex-ministro de Bolsonaro, Salles queria ser o candidato do PL à Prefeitura de São Paulo, mas a cúpula do partido optou por apoiar a reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).

Emendas parlamentares

Na reunião, Zé Trovão disparou mais reclamações sobre diretórios do PL em diferentes municípios.

“Lá em cima, tivemos vários problemas. Em Porto Alegre, São Bento, Mafra, Rio Negrinho. Estão botando só a corja de político vagabundo. Eu não aperto a mão de político corrupto. Se o cara for um cara que eu não fiz campanha para ele, ele nunca apareceu na minha cara, mas não for ladrão, ele entra no meu gabinete. Será bem recebido.

Se for, não tem papo comigo. Eu boto todo o dinheiro que eu tenho aqui em Joinville. Eu não vou levar um real para prefeitura que tá na mão de político esquerdista vagabundo.”

Em seguida, Zé Trovão afirmou que seu gabinete selecionaria com cautela para quais município destinaria dinheiro oriundo de emendas parlamentares, de olho nas eleição deste ano.

“A gente tem que ter muita cautela agora para não ajudar esse filho da p*ta desses caras de esquerda a se reeleger. Esse é um ano muito complicado para a gente, para a destinação de emendas. Porque a gente vai ter que tentar fazer um jogo para colocar as emendas nas mãos daqueles caras que são do nosso lado, pelo menos. Entendeu? Que no próximo pleito não vão ficar falando mal do meu nome. Você entendeu? Isso vai ser uma briga de interesse do caramba”, disse.

“Por exemplo, Thiago. Nós temos que pegar o bairro mais populoso que você tem aí e soltar um p*ta de um recurso no teu nome. Que aí tu pode estar no União Brasil que tu se elege”, concluiu Zé Trovão, dirigindo-se a um aliado.

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