Enfermagem Solidária oferece escuta qualificada aos profissionais

Criado durante a pandemia de covid-19, o programa Enfermagem Solidária está disponível na plataforma CofenPlay, de 9h às 22h, com apoio de especialistas voluntários

O Setembro Amarelo é um mês de diálogo; a prevenção do suicídio passa pela escuta acolhedora e identificação de sinais de alerta. Os Conselhos de Enfermagem também são um espaço escuta para os profissionais em sofrimento psíquico. Criado durante a pandemia de covid-19, o Programa Enfermagem realiza acolhimento em Saúde Mental, por meio da multiplataforma CofenPlay.

“Nosso objetivo é acolher sem julgar, oferecendo um espaço seguro de escuta, com o apoio de enfermeiros especialistas em Saúde Mental de todo o Brasil”, explica o conselheiro federal Josias Ribeiro, coordenador do Grupo de Trabalho do Enfermagem Solidária. O GT é composto, ainda, pelos enfermeiros Ana Paula Ochoa, Ethelanny Almeida, Lucielena Soares,  Maria do Socorro Mota e Vanderlan Dantas.

Os interessados em receber acolhimento devem acessar a plataforma, de forma gratuita. Especialistas voluntários que compõem a equipe de atendimento estão disponíveis todos os dias, das 9h às 22h. Os atendimentos são confidenciais.

Trabalho cura, mais também adoece

Na linha frente do atendimento, os profissionais de Enfermagem estão submetidos à intensa pressão psíquica, pelo contato com o sofrimento dos pacientes e familiares, longas jornadas, subdimensionamento profissional e até pela frustração da população atendida, que tende a ser direcionada aos profissionais mais presentes.

O total de óbitos por lesões autoprovocadas dobrou nos últimos 20 anos, segundo levantamento do DataSUS. A situação atinge, em especial, os profissionais de Enfermagem. “Precisamos refletir sobre o que está levando as pessoas a esse final. O sofrimento vem da carga de trabalho? Vem. Mas vem da mudança do mundo, da velocidade. Falta nos conhecermos um pouco, voltarmo-nos a nós mesmo, para que possamos ser existencialmente e não apenas correr, correr, correr, para ter, ter, ter”, avalia a enfermeira Ana Paula Ochoa, voluntária do Enfermagem Solidária.

Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e à ansiedade, com custo à economia global de quase um trilhão de dólares. Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT/ONU) destaca que o trabalho é um potencial fator de promoção da Saúde Mental, por proporcionar estrutura temporal, contato social, senso de esforço e propósito coletivos, identidade social e atividade regular, fundamental na organização da rotina. Mas pode contribuir também para o adoecimento psíquico, com condições como “sobrecarga de trabalho, falta de instruções claras, prazos irrealistas, não-participação nas tomadas de decisão, insegurança no emprego, condições de trabalho em isolamento, vigilância e arranjos inadequados de cuidado com filhos pequenos”.

OMS reconhece o suicídio como uma prioridade de saúde pública

O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte no mundo, com quase 700 mil vidas perdidas a cada ano, segundo dados da OPAS/OMS. Entre jovens de 15 a 29 anos, é a quarta maior causa de morte. 

São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil. A maior prevalência de casos notificados de lesão autoprovocada, assim como de tentativas de suicídio, se encontram na faixa etária entre os 20 e 49 anos. 

“A conscientização é essencial para reduzir os índices de suicídio no país. Acolher sem criticar, conversar sem julgar, compreender os sentimentos daqueles que passam por momentos de tristeza, ansiedade, medo ou sensação de solidão são gestos de empatia que devem ser incorporados no dia a dia de todos”, afirma a enfermeira Dorisdaia Humerez, doutora em Saúde Mental e idealizadora do programa Enfermagem Solidária.

Setembro Amarelo

A campanha Setembro Amarelo busca conscientizar as pessoas sobre o suícidio. A cor amarela remete a Dale Emme e Darlene Emme, que iniciaram o programa de prevenção de suicídio “Yellow Ribbon”, após o suicídio do filho Mike, aos 17 anos, em 1994.

Mike era conhecido por habilidade mecânica. Restaurou um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Amava aquele carro que começou a ser conhecido como “Mustang Mike”. No dia do funeral dele, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los.  Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike com uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda. Os cartões se espalharam pelos Estados Unidos, e a fita amarela virou um símbolo de busca de ajuda por quem precisa.

Em 2003, a OMS instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, e o amarelo do mustang de Mike foi a cor escolhida para representar este sentimento.  Segundo a OMS, o comportamento suicida é um fenômeno complexo e multideterminado, o resultado da interação de fatores, dentre eles, biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Assim, não pode ser reduzido a eventos pontuais que acontecem na vida do indivíduo.

Fatores de alerta que merecem atenção: Isolamento afetivo e sentimento de solidão; Mudanças marcantes de hábitos; Perda de interesse por atividades antes prazerosas; Descuido com a aparência; Piora do desempenho na escola ou trabalho; Alterações no sono e apetite; Fatores de alerta que merecem atenção: Irritação ou agitação excessiva; Tentativas prévias de suicídio; Histórico familiar de suicídio; Sentimento de desemparo e desesperança.

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