General ameaçou prender Bolsonaro, confirma ex-comandante

BrasíliaCarlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), não deixou dúvidas em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF): o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ameaçou prender Jair Bolsonaro caso o ex-presidente levasse adiante o plano golpista de 2022.

A confissão revela que, mesmo com militares de alta patente ao redor, o ex-capitão não teve consenso nem para rasgar a Constituição.

Segundo o brigadeiro, Freire Gomes foi claro, direto e calmo: “Se fizer isso, vou ter que te prender”.

A frase, que parece tirada de um thriller político, foi dita com a serenidade de quem sabe exatamente o peso de cada palavra.

O depoimento, colhido pelo procurador-geral da República Paulo Gonet, é mais um capítulo da novela golpista que Bolsonaro tentou encenar nos bastidores do poder.


Militares expõem as rachaduras internas

Essa não é a primeira vez que Baptista Júnior denuncia a tentativa de ruptura institucional orquestrada pelo ex-presidente. Em depoimento anterior à Polícia Federal, o ex-comandante da FAB deixou claro: não havia espaço para aventuras autoritárias nas Forças Armadas, pelo menos não com apoio unânime. A exceção, claro, foi o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, cuja postura golpista destoava da maioria.

A resistência de Freire Gomes, ao contrário, evidenciou que a caserna também abriga quem respeita a Constituição. O brigadeiro reiterou diversas vezes que o general do Exército foi firme ao se opor ao golpe, mesmo sem levantar a voz. Sua conduta reforça que, apesar do bolsonarismo ter contaminado boa parte da hierarquia, nem todos se curvaram ao autoritarismo de ocasião.


Bolsonaro sabia que não havia fraude

Como se não bastasse, Baptista Júnior também confirmou que Bolsonaro foi informado sobre a lisura das eleições de 2022. E mais: foi um ministro da Defesa quem o alertou, sem margem para dúvidas. Mesmo assim, o então presidente insistiu na tese da fraude, sabotando a democracia com desinformação e desespero.

O brigadeiro também declarou que havia um relatório atestando a segurança das urnas eletrônicas, e que Bolsonaro tentou barrar sua divulgação. Ou seja, a narrativa bolsonarista de que as eleições foram manipuladas não é apenas infundada — é deliberadamente criminosa.


Defesa tenta minimizar, mas o estrago está feito

Durante o depoimento, a defesa de Garnier voltou a insistir sobre a fala de Freire Gomes, tentando descredibilizar o relato. Mas o brigadeiro manteve cada palavra: “Eu vi a repercussão. Não é uma coisa que você esquece”, afirmou.

A tentativa de apagar a história falha miseravelmente diante da firmeza do testemunho. Bolsonaro não só promoveu uma reunião sobre a minuta golpista, como ignorou alertas, tentou suprimir provas e, mesmo diante da resistência de generais, avançou com sua cruzada autoritária. O resultado está sendo desvendado peça por peça nos tribunais — e não vai ser bonito.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.