Capela (SE) – O vereador José Carlos Santos, conhecido como Bebe Água e filiado ao MDB, chocou ao afirmar que “quanto mais apanha, mais a mulher gosta do homem”, durante sessão da Câmara Municipal de Capela, em Sergipe.
A declaração, feita em tom de comparação com disputas políticas, banalizou a violência doméstica e provocou revolta.
Machismo explícito no plenário
Ao tentar ilustrar divergências políticas, o vereador recorreu a uma metáfora grotesca e violenta: “É a mesma história, quanto mais apanha, é que a mulher mais gosta do homem… É a verdade, é a vida”. A fala não só reforça estereótipos machistas como também legitima a violência contra mulheres como algo natural ou até desejado.
Não há contexto, ironia ou tom humorístico que justifique esse tipo de discurso vindo de um agente público. O que há é reprodução escancarada de um pensamento misógino que segue matando brasileiras todos os dias.
Reação imediata e indignação coletiva
A declaração circulou nas redes sociais e foi rechaçada por internautas, parlamentares e entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres. “Não é só uma fala infeliz. É a verbalização do que muitos homens ainda pensam e praticam no silêncio das casas e gabinetes”, comentou uma usuária.
A Câmara Municipal de Capela soltou nota protocolar dizendo que respeita a liberdade de expressão, mas que não apoia declarações que ofendam a dignidade humana. Nenhuma menção a sanções ou pedido de retratação.
Violência política de gênero: mais um caso
O caso de José Carlos não é exceção. Em todo o país, mulheres que enfrentam a política institucional convivem com insultos, ameaças e agressões verbais – muitas vezes toleradas como “opiniões”. Enquanto isso, falas como a do vereador normalizam e até encorajam o ciclo de violência que, só em 2023, resultou em mais de 1.400 feminicídios no Brasil, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Impunidade garantida pelo corporativismo
Até o momento, José Carlos Santos não se retratou nem foi alvo de qualquer medida disciplinar por parte do Legislativo municipal ou do próprio MDB, que mantém silêncio cúmplice. A omissão da legenda reforça a lógica do corporativismo político que protege seus membros mesmo diante de declarações criminosas.
O Carioca esclarece
Por que isso importa?
Porque falas como essa partem de autoridades eleitas e reforçam a cultura de violência contra a mulher, transformando agressões em piada.
Quem são os envolvidos?
José Carlos Santos, vereador de Capela (SE), e a Câmara Municipal de Capela, que nada fez além de soltar nota genérica.
Qual o impacto no Brasil e no mundo?
Esse tipo de discurso reverbera no cotidiano de milhares de mulheres e enfraquece políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero.
Como isso afeta a democracia, os direitos ou o meio ambiente?
Permitir que parlamentares propaguem esse tipo de violência simbólica mina a participação política das mulheres e deslegitima a luta por igualdade.