Epidemia de dengue “fora de época” era previsível, diz infectologista

São Paulo — O médico infectologista e Vice Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Marcelo Otsuka, afirmou, em entrevista ao Metrópoles, que o aumento de casos de dengue, que levou o governo a declarar estado de emergência no estado de São Paulo nesta terça-feira (5/3), não é uma surpresa.

Para ele, o impulsionamento da doença em razão das mudanças climáticas era previsível.

“Em 2022, 2023 e agora nós superamos os casos esperados. Primeiro por causa do clima. As mudanças climáticas em relação à temperatura e à umidade têm de certa forma favorecido os insetos.  Nós tivemos até no próprio inverno dias de extremo calor. Então, sabemos que com o calor e umidade, era de esperar que isso acontecesse, que nós tivéssemos aumento dos casos”. 

Marcelo Otsuka acha que houve uma carência de ações preventivas de cuidado, como poucas campanhas de divulgação dos riscos da doença e falta de ações de vigilância fora das épocas de epidemia.

Nós já estávamos em um estado iminente de [muitos] casos de dengue há algum tempo”, disse o especialista.

Homem adulto de óculos e terno sob um fundo azul
Médico infectologista e Vice-Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Marcelo Otsuka

A dengue faz parte das arboviroses, que são doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos. Esses insetos são sensíveis ao clima e se reproduzem em condições de calor e umidade. Por isso, o infectologista explica: “essa época do ano, mais chuvosa, é a ideal para o inseto se reproduzir. Por isso a gente vê mais a transmissão do vírus”. 


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O estado de emergência no estado de São Paulo foi declarado após o estado atingir 311 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes, o que configura situação de epidemia. O decreto promete facilitar os atendimentos dos casos de dengue e sistema de saúde.

Para Marcelo Otsuka, essas medidas são importantes porque “a dengue é uma doença que pode levar à óbito e a períodos longos de internação que necessitam de cuidados específicos, principalmente em relação à hidratação”.  Ele lembra que os serviços de saúde já estão sobrecarregados em razão dos casos de Covid e outras doenças respiratórias. 

“Nós temos que nos programar para que todos os anos possamos estar preparados para isso. O que acontece é que nesse período do ano é que os hospitais ficam abarrotados e as equipes médicas ficam sobrecarregadas. Sobrecarrega muito os serviços de saúde, não só por causa da dengue, mas também por causa da dengue.”

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