Aumento dos casos de dengue tem relação direta com mudanças climáticas

 

As mudanças climáticas, o aumento das temperaturas e da umidade favorecem a reprodução do mosquito Aedes aegypti e, por consequência, o aumento dos casos de arboviroses, como a dengue. O alerta, feito pela campanha “A ancestralidade nos une em defesa da Casa Comum” vem por ocasião do Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, cuja data-marco é sábado, 16 de março. Trata-se de uma ação de sensibilização da sociedade sobre os impactos das mudanças climáticas e como os Povos e Comunidades Tradicionais (PCT’s) são fundamentais no processo de preservação do meio ambiente.

“O transmissor da dengue é um mosquito e ele precisa de características climáticas que sejam favoráveis à reprodução. O que é favorável à reprodução do mosquito é a umidade, o acúmulo de poças e a água parada. As mudanças climáticas, muito por conta do aquecimento global, provocam a mudança dos períodos de chuva, aumento da temperatura e consequentemente da umidade”, explica Aniele Silveira, agroecóloga e assessora da Cáritas Brasileira, entidade promotora da campanha de enfrentamento às mudanças climáticas.

Neste ano, a mudança nos períodos de chuva do verão foi perceptível em todo o Brasil e na América Latina e por isso, houve a antecipação do período de maior incidência dos casos de dengue, que eram nos meses de março e abril. “Por conta do aquecimento global, estamos sofrendo com a mudança do calendário das épocas de chuva de verão. Antes, as chuvas eram condensadas em uma época. Elas não eram durante todo o verão. Elas tinham um período específico, constante. Por isso, existia a reprodução dos mosquitos nessa época de março e abril, que era a época certa das chuvas”, diz a agroecóloga.

A especialista complementa: “Mas não há mais essa época certa. Durante todo o verão teve período chuvoso, entre chuva e sol, chuva e sol. E isso foi pontual para que o mosquito viesse antes, proliferasse antes e causasse esse desastre, que não é apenas ambiental, é um desastre que afeta a sociedade, principalmente o povo empobrecido, vulnerável”.

Prevenção e controle

Na lista de medidas de prevenção e controle para o problema, Silveira coloca medidas além das atitudes individuais da população como a limpeza do quintal, evitar o acúmulo de água parada em pratos de plantas, vasos e pneus. “Quanto mais ações isoladas a gente tiver, maior a área de repercussão para evitar a reprodução do mosquito. Mas em escala global, são necessárias ações pensadas e articuladas no âmbito da sociedade. É mais fácil sanar a causa do que aparar o efeito”.

Para reverter o cenário, Silveira diz que é também preciso envolver Governos e empresas. “A causa principal das mudanças climáticas está entre o desmatamento e as grandes indústrias emissoras de grandes quantidades de carbono. Eles afetam diretamente o aquecimento global e a diminuição da camada de ozônio”.

O modelo de agricultura nacional precisa ser revisto, de acordo com a especialista, para evitar o desmatamento e as práticas danosas do setor ao meio ambiente. “A delimitação do crescimento do agro e as formas como se estabelece e se mantém devem ser revistas, porque a lei dos agrotóxicos, por exemplo, incentiva os agrotóxicos, incentiva a morte em massa de vários insetos, vários animais que mantém a cadeia alimentar, mantém o equilíbrio ecológico. Se a gente tem uma quantidade maior de sapos ou de moscas da fauna que é predadora do Aedes aegypti, a gente tem uma incidência menor desse vetor. Também existem medidas de saneamento básico que podem ser implementadas nos bairros onde tem uma incidência maior e aumento desses casos de dengue”.

Ainda é preciso apoiar quem já naturalmente cuida do meio ambiente e contribui no enfrentamento às mudanças climáticas. “As comunidades tradicionais pelo modo como vivem asseguram que as florestas, a caatinga, a mata atlântica ainda estejam de pé. Temos que fazer com que essas pessoas, que inclusive estão em situação de vulnerabilidade socioambiental são as pessoas vulneráveis (tirar), sejam reconhecidas pelo papel de importância que tem dentro do movimento de frear o aquecimento global”, conclui Silveira.

Campanha

A campanha “Unidos pela ancestralidade em defesa da Casa Comum” visa envolver toda a população na conscientização de que o modo ancestral de lidar com a natureza usado pelos pescadores, marisqueiras(os), ribeirinhos(as), quilombolas, fundo e fecho de pasto, indígenas e geraizeiros(as) preserva o meio ambiente e favorece o enfrentamento às mudanças climáticas e ao aquecimento global. Daí a importância de mantê-los nas suas terras, conservando seus modos de vida e a luta pela defesa dos seus territórios.

A ação integra o Programa Global das Comunidades da Nossa América Latina no Brasil, Projeto desenvolvido pela Cáritas Brasileira (Regionais Nordeste 3 – Bahia e Sergipe e Norte 2 – Pará e Amapá), Cáritas Honduras e Colômbia, com o apoio da Cáritas Alemanha e Ministério Alemão para Cooperação e Desenvolvimento (BMZ).

Fonte: Assessoria de Imprensa

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